Bom dia, apaixonados por cripto. Se vocês ainda não abriram os gráficos de preço hoje, talvez seja melhor respirar antes, pois o dia amanheceu pesado para o mercado. Todas as criptomoedas estão no vermelho — o bitcoin (BTC), por exemplo, cai quase 10%.

O tombo tem dois culpados principais.

Economia aquecida: o primeiro fator é o relatório de empregos dos EUA (payroll), divulgado ontem. Ele mostrou que há uma forte criação de novas vagas no país. Parece bom, claro, mas acende a luz amarela no Fed (o banco central americano) - se o mercado de trabalho está forte, há mais risco de inflação e a queda dos juros pode demorar, o que é ruim para cripto.

Saídas dos ETFs: O segundo fator é a saída pesada de capital dos ETFs de bitcoin nos EUA. Só em novembro, eles somam US$ 3,79 bilhões em retiradas — o maior volume da história. Os ETFs de ethereum (ETH) também vão na mesma direção, com US$ 1,79 bi em saídas. O movimento mostra que os investidores estão pisando no freio no setor.

Resta ver se o mercado encontra fôlego nos próximos dias — ou se a pressão continua.

A forte derrapada do bitcoin atingiu em cheio as bitcoin treasury companies brasileiras — empresas que mantêm parte do caixa alocado em BTC. A OranjeBTC (OBTC3), que chegou à B3 em outubro ostentando mais de R$ 2,4 bilhões em bitcoin, recuou 6% no fechamento de ontem e já acumula uma queda de 27% no mês. A Méliuz (CASH3) acompanhou o movimento: caiu 2% no dia e soma perdas de 16,5% no acumulado mensal.

Apesar do cenário ruim, os negócios não param. A Tether — emissora da USDT, a maior stablecoin do planeta — quer acelerar a adoção do seu token no Brasil, especialmente em soluções de tokenização e em pagamentos internacionais. Para fazer isso acontecer, a empresa investiu na fintech brasileira Parfin, especializada em infraestrutura cripto para o mercado financeiro. O valor do investimento não foi revelado.

A Coinbase, uma das maiores exchanges do mundo, liberou uma novidade para brasileiros. Agora, dentro da própria plataforma, os usuários do país podem negociar diretamente os tokens da Base - uma blockchain do mesmo grupo. Por que isso importa? Dezenas de tokens surgem todos os dias por lá. Com a integração, os locais vão poder acessar milhões de ativos criados na rede, sem precisar recorrer a plataformas externas.

A queda do bitcoin respingou forte nos traders de derivativos — aqueles produtos que permitem apostar no preço futuro do ativo. Nas últimas 24 horas, cerca de US$ 2 bilhões em posições foram fechadas, um dos maiores volumes do ano. Essa onda de liquidações, somada ao clima de aversão ao risco, empurrou o valor total do mercado cripto para abaixo dos US$ 3 trilhões, algo que não acontecia desde o primeiro trimestre.

Owen Gunden, uma antiga ‘baleia’ (termo usado para identificar detentores de grandes volumes de ativos digitais) que começou a comprar criptos em 2011, vendeu 11 mil unidades de bitcoin, o equivalente a US$ 1,3 bilhão. Ele começou a se desfazer das criptomoedas no começo de outubro, quando o BTC alcançou sua máxima história, e terminou ontem. Essa realização de lucro pressiona ainda mais o mercado, que já está super estressado.